quinta-feira, 29 de julho de 2010

1º Encontro de Blogueiros Progressistas


Abertas as inscrições do 1º Encontro de Blogueiros Progressistas

por Conceição Lemes*

O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas acontecerá nos dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de agosto em São Paulo, capital. O objetivo é contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas. As inscrições já estão abertas. Poderão se inscrever não apenas blogueiros, mas todos os interessados nas novas mídias sociais.

Nós nos esforçamos ao máximo — mesmo! — para viabilizá-lo em Brasília, mas o elevado custo de auditórios, acomodações e refeições e o prazo exíguo nos forçaram a rever o local. Ou fazíamos em São Paulo ou Encontro não sairia antes das eleições. Optamos pela sua realização, pois é fundamental para este momento que a blogosfera vive. Tentaremos fazer o segundo em Brasília. O importante, pessoal, é acontecer o 1º Encontro.

A programação está sendo montada. Por enquanto, temos apenas as linhas gerais. Na próxima semana, ela será concluída e divulgada.

O encontro começará no sábado às 9h com debate sobre o papel da blogosfera na democratização dos meios de comunicação. Participarão Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna e Leandro Fortes.

À tarde ocorrerão sessões com palestrantes para se discutir as questões legais: orientação jurídica para atuar na web, medidas contra ameaças, cerceamento à liberdade de expressão. Também ocorrerão oficinas sobre twitter, videoweb, rastreamento de trolls e debates sobre a sustentabilidade financeira dos blogs.

No domingo das 9h à 12 h, em reuniões em grupo, blogueiros dos vários estados trocarão experiências e discutirão os desafios da blogosfera. À tarde, plenária para apresentação, discussão e aprovação da Carta do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros.

INSCRIÇÕES, PASSAGENS, ACOMODAÇÃO E REFEIÇÕES

As inscrições custam 100 reais. Quanto mais rápidas, melhor para a organização do evento. Basta enviar e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou telefonar para (011)3054-1829. Falar com a Daniele Penha.

Para se inscrever, serão necessários os seguintes dados

* Nome/nicknane

* E-mail

* Endereço do blog

*Twitter ou outra rede social, caso participe. Preencha com a URL completa

* Telefone

* Cidade/Estado

A comissão organizadora está buscando patrocínios para garantir a gratuidade da hospedagem. Está em contato com uma empresa aérea para garantir desconto nas tarifas. Dependendo dos recursos levantados, o Encontro também arcará com as despesas de refeições e parte das passagens para os blogueiros de outros estados.

Daremos total transparência à origem dos recursos e à prestação de contas. Os blogueiros poderão acompanhá-la online.

AMIGOS DA BLOGOSFERA

Para custear a participação de palestrantes e parte das despesas de blogueiros de outros estados, lançamos a campanha Amigos da Blogosfera. São 20 cotas de 3 mil reais.

Já confirmaram a compra de uma cota: Apeoesp, Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Viomundo , Conversa Afiada e Seja dita a verdade.

Se quiser ser mais um dos Amigos da Blogosfera, ligue para (011)3054-1829.

* Comissão Organizadora: Luiz Carlos Azenha, Altamiro Borges, Conceição Lemes, Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães, Conceição Oliveira, Renato Rovai, Rodrigo Vianna e Diego Casaes.

Apoio institucional: Instituto Barão de Itararé, Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e Movimento dos Sem Mídia (MSM).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um patriota, um lutador do povo

Tive o prazer de conhecer este grande homem lutador do povo, idealista e vitorioso, um verdadeiro exemplo para todos nós que aspiramos mudar as estruturas deste sistema injusto e desumano.
Conheci Lepera à uns quatro anos enquanto ainda escrevia artigos para o jornal Verdade de Ribeirão Preto, mesmo com todas tecnologias a mão ele ainda utilizava sua máquina de escrever no sindicato dos jornalistas de nossa cidade, tive oportunidade de bater bons papos com Lepera sobre politica, religião, mulheres e jornalismo, dentre vários outros assuntos, foi entre estes papos que decidi escolher além de história o curso de jornalismo, abaixo segue um artigo de outro grande lutador de nossa cidade que também sofreu as mazelas da ditadura na pele junto com Lepera, Vanderley Caixe.


Carta O Berro


O jornalista Francisco Luciano Lepera morreu aos 86 anos de idade na manhã deste domingo (11), em sua residência, em Ribeirão Preto, após lutar por quase dois anos contra o Mal de Alzheimer.

O corpo de Lepera foi enterrado hoje (12) no Cemitério da Saudade. Além de jornalista, Lepera também foi vereador e deputado estadual pelo Partido Comunista, entre as décadas de 50 e 60.

Lepera teve os direitos políticos cassados por 10 anos e impedido, inclusive, de trabalhar em qualquer veículo de comunicação. Ele deixa um filho, uma neta e dois bisnetos.

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Texto sobre Francisco Luciano Lepera, por Vanderley Caixe






Luciano Lepera
Vanderley Caixe *


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Um patriota, um lutador do povo

Conheci Luciano Lepera quando tinha 15 anos. Foi num comício nas confluências da rua Minas com a rua Paraíba. Estava ele em cima de um caminhão velho, com o microfone na mão e o som do alto-falante vindo da capota do veículo.

Luciano era candidato pela primeira vez à Assembléia Legislativa de São Paulo. Vinha de vários mandatos como vereador, em Ribeirão Preto. Fora um dos vereadores mais atuantes na defesa dos trabalhadores e dos interesses nacionais. Autor de mais de 700 projetos nessa linha.

A fala de Luciano Lepera, em cima daquele caminhão, não era um discurso de comício, era a palavra segura, emocionante em defesa do nosso povo e da soberania nacional. Era didático. Comício que não se faz mais.

Luciano era o professor: explicava a origem da carestia, nominava os grupos que exploravam a nossa gente e o nosso país. Fazia do palanque a sala de aula. Não fabricava eleitores, mas produzia em cada comício homens conscientes, cidadãos indignados com a rapina de nosso país. Naquela noite, recordo-me ainda, falava da luta : o "petróleo é nosso", da árdua luta para manter essa riqueza em nosso solo e aproveitá-la somente em prol do Brasil.



Foto: Fernando Sousa

Lembro-me dos nomes de nacionalistas, como Euzébio Rocha, o autor do substitutivo que deu origem à Lei 2004 , instituindo o monopólio estatal do petróleo, para a tristeza dos imperialistas da Esso, Shell, Texaco e outras componentes das sete irmãs : as responsáveis pelas guerras e invasões e tantos horrores cometidos nos países do terceiro mundo.

Luciano Lepera nominava os nossos patriotas como o general Estilac Leal, Gondim da Fonseca, Maria Augusta Tibiriçá Miranda, entre tantos outros valorosos defensores da nossa nacionalidade; estimulava a nossa virtude e o orgulho de ser brasileiro.

Fui conscientizado nesse comício-aula.

Relembro, ainda, a sua simplicidade no vestir, como aliás é até hoje, revela o seu total desapego aos bens materiais. Sempre ofereceu tudo o que ganhava às lutas populares, aos sindicatos, ajudando os companheiros em dificuldades. Era a imagem do lutador , do conscientizador, do agitador que entregou a sua vida pela causa do nosso povo e do nosso país.

Lepera, eleito deputado estadual, dedicou o seu mandato inteiramente a serviço do povo e da nação: ora estava na Assembléia Legislativa denunciando os esbirros da polícia e o massacre da população, que lutava pelos seus direitos; ora estava nas portas das fábricas ajudando a garantir o direito de greve; ora estava nos palanques na luta pela paz e contra as invasões imperialistas nos países do nosso continente ; ora ainda preocupava-se em elaborar projetos em defesa do trabalhador rural e urbano, dos professores, dos menos favorecidos e dos excluídos.

Não foram poucas as viagens que fez para o interior do Estado

de São Paulo, ajudando a criar sindicatos, interferindo junto às delegacias de polícia nos casos de prisões de trabalhadores.

Uma luta incansável, diuturna, popular e patriótica.

Esse não era o deputado que interessava à classe dominante,

exploradora e entreguista. Era preciso calar a boca do líder Luciano Lepera. Esse deputado era um "perigo para os privilegiados do sistema, das empresas estrangeiras sediadas no Brasil".

Em 1962, eu ingressava na Faculdade de Ciências Econômicas, da

qual fui presidente do Centro Acadêmico e expulso, no golpe militar de 1964. Nesse período, continuei acompanhando a luta pela reeleição de Luciano Lepera. Alguns meses depois, surpreso, soube que o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo havia cassado o registro da candidatura de Luciano Lepera, com base num extenso relatório do Departamento de Ordem Política e Social – o famigerado DOPS.

Luciano Lepera recorreu e concorreu às eleições. Foi eleito, mas não lhe deram posse.

Um ano depois, veio o golpe da direita, dos grandes grupos econômicos, do imperialismo e dos traidores da pátria.

E Luciano foi preso, perseguido e silenciado durante todo o tempo da ditadura.

Resistiu sempre, sem perder a dignidade alimentada pelos seus

ideais, de uma sociedade justa, de um povo livre e um país soberano.

Hoje, apesar da idade, continua a lutar. Leio todos os dias os

seus magníficos artigos, nas páginas do jornal A Verdade e me inteiro da admiração, respeito e carinho que essa geração mais nova, de jornalistas e idealistas, têm pelo nosso Luciano Lepera. Entre eles o Zé Fernando Chiavenatto, de quem o Luciano sempre me fala.

Mesmo essa geração que o admira e o respeita, talvez conheça

pouco da dimensão dessa figura e das causas (arbitrariedades) apontadas para a cassação do seu registro.

Há dias, procurando nos arquivos do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo, localizamos parte dessas arbitrariedades, praticadas contra o Luciano Lepera. Encontramos, nos porões daquele famigerado órgão, os arquivos deste processo e o relatório do DOPS, que serviu de base para a cassação do registro desse nosso grande patriota.

Lendo-os, seria preciso não ser brasileiro para não nos revoltarmos com as indignidades, o servilismo aos grandes grupos alienígenas tanto de belengüins de polícia como de juízes, procuradores e desembargadores dessa nossa “justiça”.

O objetivo de fazer conhecer esse "dossiê" (relatório) político-policial é o de revelar a magnitude da grandeza e a história política, popular e patriótica de Luciano Lepera; enquanto para o DOPS, para os exploradores do povo, para o imperialismo, Luciano era “criminoso” e deveria ser cassado. Essa é a verdade dos dominadores e exploradores do povo.

A luta de Luciano Lepera é a luta dos justos, pelos excluídos da

grande sociedade, a luta em defesa da nossa pátria e das nossas riquezas.

Para os vendilhões da pátria e exploradores do nosso povo, era

preciso negar-lhe o registro e os votos de quantos votaram na continuidade da sua luta.

Vou citar apenas alguns trechos desse relatório do Dops e da

denúncia oferecida pela procuradoria contra Luciano Lepera:

"....segundo informação prestada pela autoridade policial

de Ribeirão Preto em 17 de novembro de 1948, a pedido deste DOPS, o epigrafado era componente do comitê do "Centro de Estudos do Petróleo" daquela cidade, pertencendo ao "Departamento de Imprensa" desse comitê ".

Em outro trecho (do relatório do DOPS)...

".....(Luciano Lepera e outros) realizaram, no dia 24 de março

de 1956, nos salões do "C. Paulista", uma reunião de apoio a Campanha Nacional Pró-Anistia aos Presos e Processados Políticos".

Outro "crime" de Luciano Lepera, anunciado pelo DOPS a serviço

do imperialismo:

".....que no dia 3 de novembro de 1957, realizou-se na sede da

União Geral dos Trabalhadores – UGT - de Ribeirão Preto, a primeira reunião do "Núcleo Nacionalista" daquela cidade que, como as demais congêneres do País, se propõe a "defender as riquezas nacionais, preservando-as da conquista estrangeira."

Nessa oportunidade, procedeu-se a eleição da comissão provisória e, na sua constituição, consta o nome do vereador e jornalista Lepera."

Eis o "crime" de Luciano Lepera: "defender o povo e as riquezas

nacionais...

Por isso e, por toda a história de Luciano Lepera, tenho a honra

de partilhar dessas justas homenagens, para perpetuar esse exemplo de dignidade e perseverança aos ideais de defesa do nosso povo e da nossa Pátria.

Parabéns, Luciano!

Do companheiro, sempre,

Vanderley Caixe.

sábado, 3 de julho de 2010

CONFISSÕES DO LATIFÚNDIO

CONFISSÕES DO LATIFÚNDIO

Pedro Casaldáliga


Por onde passei,
plantei
a cerca farpada,
plantei a queimada.
Por onde passei,
plantei
a morte matada.
Por onde passei,
matei
a tribo calada,
a roça suada,
a terra esperada...
Por onde passei,
tendo tudo em lei,
eu plantei o nada.

ENTIDADES E PERSONALIDADES DIVULGAM MANIFESTO CONTRA MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

Segue manifesto de entidades e personalidades politicas e intelectuais contra as mudanças no Código Florestal Brasileiro, cabe aqui frisar que apesar do relator das propostas de mudanças do código florestal brasileiro ser o deputado federal Aldo Rebelo PCdoB-SP, a direção municipal do PCdoB de Ribeirão Preto como também a União da Juventude Socialista de Ribeirão Preto se posicionam contra o teor deste relatório, sempre nos colocamos ao lado dos agricultores familiares e das entidades que lutam em defesa do acesso a terra, pois nós que moramos na cidade de Ribeirão Preto onde sempre se vendeu a idéia de ser a capital do agronegócio convivemos diariamente com os impactos da monulcultura e do latifundio predatório, desde pequeno convivo com queimadas no periodo de seca, até perdi a conta de quantos cortadores de cana morreram de exaustão no corte de cana, e sei muito bem dos males destas práticas, por uma questão de principios e coerência não poderia me posicionar de maneira diferente, segue abaixo manifesto.

ENTIDADES E PERSONALIDADES DIVULGAM MANIFESTO CONTRA MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

Movimentos sociais, sindicais e entidades ambientalistas, além de personalidades e intelectuais, divulgam nesta sexta-feira (2/7) um manifesto em defesa do meio ambiente e da produção de alimentos e contrário às mudanças propostas para Código Florestal brasileiro, que devem ser votadas na semana que vem na Câmara dos Deputados.

O documento – assinado por personalidades como Leonardo Boff e D. Pedro Casaldáliga e entidades como a CUT e a Via Campesina - aponta que o relatório deve atender apenas aos interesses dos ruralistas, pela ausência de um debate amplo sobre o tema.

“Podemos afirmar que o texto do Projeto de Lei é insatisfatório, privilegiando exclusivamente os desejos dos latifundiários. Dentre os principais pontos críticos do PL, podemos citar: anistia completa a quem desmatou (em detrimento dos que cumpriram a Lei); a abolição da Reserva Legal para agricultura familiar (nunca reivindicado pelos agricultores/as visto que produzem alimentos para todo o país sem a necessidade de destruição do entorno) possibilidade de compensação desta Reserva fora da região ou da bacia hidrográfica; a transferência do arbítrio ambiental para os Estados e Municípios, para citar algumas ”, destacam os signatários.

Confira, abaixo e em anexo, a íntegra do documento.



EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE BRASILEIRO E DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS:

NÃO AO SUBSTITUTIVO DO CÓDIGO FLORESTAL!

O Código Florestal (Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965) está baseado em uma série de princípios que respondem às principais preocupações no que tange ao uso sustentável do meio ambiente.

Apesar disso, entidades populares, agrárias, sindicais e ambientalistas, admitem a concreta necessidade de aperfeiçoamento do Código criando regulamentações que possibilitem atender às especificidades da agricultura familiar e camponesa, reconhecidamente provedoras da maior parte dos alimentos produzidos no país.

É essencial a implementação de uma série de políticas públicas de fomento, crédito, assistência técnica, agro industrialização, comercialização, dentre outras, que garantirão o uso sustentável das áreas de reserva legal e proteção permanente. O Censo Agropecuário de 2006 não deixa dúvidas quanto à capacidade de maior cobertura florestal e preservação do meio ambiente nas produções da agricultura familiar e camponesa, o que só reforça a necessidade de regulamentação específica.

Essas políticas públicas vinham sendo construídas entre os movimentos e o Governo Federal a partir do primeiro semestre de 2009, desde então os movimentos aguardam a efetivação dos Decretos Reguladores para a AF que nos diferenciam do agronegócio.

Foi criada na Câmara dos Deputados uma Comissão Especial, para analisar o Projeto de Lei nº. 1876/99 e outras propostas de mudanças no Código Florestal e na Legislação Ambiental brasileira. No dia 09 de junho de 2010, o Dep. Federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP) apresentou à referida Comissão um relatório que continha uma proposta de substituição do Código Florestal.

Podemos afirmar que o texto do Projeto de Lei é insatisfatório, privilegiando exclusivamente os desejos dos latifundiários. Dentre os principais pontos críticos do PL, podemos citar: anistia completa a quem desmatou (em detrimento dos que cumpriram a Lei); a abolição da Reserva Legal para agricultura familiar (nunca reivindicado pelos agricultores/as visto que produzem alimentos para todo o país sem a necessidade de destruição do entorno) possibilidade de compensação desta Reserva fora da região ou da bacia hidrográfica; a transferência do arbítrio ambiental para os Estados e Municípios, para citar algumas.

Estas mudanças, no entanto, são muito distintas das propostas no Projeto de Lei (PL). Nos cabe atentar para o fato de que segundo cálculos de entidades da área ambiental, a aplicação delas resultará na emissão entre 25 a 30 bilhões de toneladas de gás carbônico só na Amazônia. Isso ampliaria em torno de seis vezes a redução estimada de emissões por desmatamento que o Brasil estabeleceu como meta durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 15) em Copenhague, em dezembro de 2009 e transformada em Lei (Política Nacional de Mudança do Clima) 12.187/2009.

De acordo com o substitutivo, a responsabilidade de regulamentação ambiental passará para os estados. É fundamental entendermos que os biomas e rios não estão restritos aos limites de um ou dois estados, portanto, não é possível pensar em leis estaduais distintas capazes de garantir a preservação dos mesmos. Por outro lado, esta estadualização representa, na prática, uma flexibilização da legislação, pois segundo o próprio texto, há a possibilidade de redução das áreas de Preservação Permanentes em até a metade se o estado assim o entender.

O Projeto acaba por anistiar todos os produtores rurais que cometeram crimes ambientais até 22 de julho de 2008. Os que descumpriram o Código Florestal terão cinco (5) anos para se ajustar à nova legislação, sendo que não poderão ser multados neste período de moratória e ficam também cancelados embargos e termos de compromisso assinados por produtores rurais por derrubadas ilegais. A recuperação dessas áreas deverá ser feita no longínquo prazo de 30 anos. Surpreendentemente, o Projeto premia a quem descumpriu a legislação.

O Projeto desobriga a manutenção de Reserva Legal para propriedades até quatro (4) módulos fiscais, as quais representam em torno de 90% dos imóveis rurais no Brasil. Essa isenção significa, por exemplo, que imóveis de até 400 hectares podem ser totalmente desmatados na Amazônia – já que cada módulo fiscal tem 100 hectares na região –, o que poderá representar o desmatamento de aproximadamente 85 milhões de hectares. A Constituição Federal estabeleceu a Reserva Legal a partir do princípio de que florestas, o meio ambiente e o patrimônio genético são interesses difusos, pertencentes ao mesmo tempo a todos e a cada cidadão brasileiro indistintamente. É essencial ter claro que nenhum movimento social do campo apresentou como proposta a abolição da RL, sempre discutindo sobre a redução de seu tamanho (percentagem da área total, principalmente na Amazônia) ou sobre formas sustentáveis de exploração e sistemas simplificados de autorização para essa atividade.

Ainda sobre a Reserva Legal, o texto estabelece que, nos casos em que a mesma deve ser mantida, a compensação poderá ser feita fora da região ou bacia hidrográfica. É necessário que estabeleçamos um critério para a recomposição da área impedindo que a supressão de vegetação nativa possa ser compensada, por exemplo, por monoculturas de eucaliptos, pinus, ou qualquer outra espécie, descaracterizando o bioma e empobrecendo a biodiversidade.

O Projeto de Lei traz ainda a isenção em respeitar o mínimo florestal por propriedade, destruindo a possibilidade de desapropriação daquelas propriedades que não cumprem a sua função ambiental ou sócio-ambiental, conforme preceitua a Constituição Federal em seu art. 186, II.

Em um momento onde toda a humanidade está consciente da crise ambiental planetária e lutando por mudanças concretas na postura dos países, onde o próprio Brasil assume uma posição de defesa do desenvolvimento sustentável, é inadmissível que retrocedamos em um assunto de responsabilidade global, como a sustentabilidade ambiental.

O relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo contradiz com sua história de engajamento e dedicação às questões de interesse da sociedade brasileira. Ao defender um falso nacionalismo, o senhor deputado entrega as florestas brasileiras aos latifundiários e à expansão desenfreada do agronegócio.

Sua postura em defesa do agronegócio é percebida a partir do termo adotado no relatório: Produtor Rural. Essa, mais uma tentativa de desconstrução do conceito de agricultura familiar ou campesina, acumulado pelos movimentos e que trás consigo uma enorme luta política dos agricultores e agricultoras familiares.

Por tudo isso, nós, organizações sociais abaixo-assinadas, exigimos que os assuntos abordados venham a ser amplamente discutidos com o conjunto da sociedade. E cobramos o adiamento da votação até que este necessário debate ocorra e que o relatório do deputado absorva as alterações mencionadas no corpo do texto.

ENTIDADES

CUT – CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

FETRAF – FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA FAMILIAR

VIA CAMPESINA

CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

MAB – MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS

MMC – MOVIMENTO DAS MULHERES CAMPONESAS

MPA – MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES

MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA

ABEEF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES DE ENGENHARIA FLORESTAL

CIMI – CONSELHO INDIGENÍSTA MISSIONÁRIO

FEAB – FEDERAÇÃO DOS ESTUDANTES DE AGRONOMIA DO BRASIL

MCP - MOVIMENTO CAMPONÊS POPULAR

UNICAFES – UNIÃO NACIONAL DE COOPERATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA

PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

ABRA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REFORMA AGRÁRIA

ABA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA

ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS

TERRAS DE DIREITOS

INESC – INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS

ABONG – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS

AMIGOS DA TERRA BRASIL

ABRAMPA – ASSOCIAÇÃO BRA

MMM - MARCHA MUNDIAL DE MULHERES

SOF - SEMPREVIVA ORGANIZAÇÃO FEMINISTA

SILEIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO MEIO AMBIENTE

IBAP – INSTITUTO BRASILEIRO DE ADVOCACIA PÚBLICA

REDLAR – RED LATINOAMERICANA DE ACCIÓN CONTRA LAS REPRESAS Y POR LOS RIOS, SUS COMUNIDADES Y EL ÁGUA

FUNDAÇÃO PADRE JOSÉ KOOPMANS

PROTER – PROGRAMA DA TERRA

IBASE – INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS

AS-PTA – AGRICULTURA FAMILIAR E AGROECOLOGIA

APTA – ASSOCIAÇÃO DE PROGRAMAS EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS

AFES – AÇÃO FRANCISCANA DE ECOLOGIA E SOLIDARIEDADE

CAIS - CENTRO DE ASSESSORIA E APOIO A INICIATIVAS SOCIAIS

CENTRO DE ASSESSORIA JURÍDICA POPULAR MARIANA CRIOLA

CEDEFES - CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ELÓY FERREIRA DA SILVA

CEPIS – CENTRO DE EDUCAÇÃO POPULAR DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE

CNASI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DOS SERVIDORES DO INCRA

COMITÊ METROPOLITANO DO MOVIMENTO XINGU VIVO

DIGNITATIS

FASE – SOLIDARIEDADE E EDUCAÇÃO

INSTITUTO MADEIRA VIVO

ONG REPORTER BRASIL

ASSESSOAR

INSTITUTO O DIREITO POR UM PLANETA VERDE

REDE BRASILEIRA DE ECOSSOCIALISTAS

GTA - GRUPO DE TRABALHO AMAZÔNICO

ASSOCIAÇÃO ALTERNATIVA TERRAZUL

REDE ALTERNATIVES INTERNACIONAL

ENTIDADE NACIONAL DOS ESTUDANTES DE BIOLOGIA

ASSOCIAÇÃO DE MULHERES ARRARAS DO PANTANAL

CEDHRO – CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DA REGIÃO OESTE DA GRANDE SÃO PAULO

IAMAS - INSTITUTO AMAZÔNIA SOLIDÁRIA E SUSTENTÁVEL

IMCA – INSTITUTO MORRO DA CUTIA DE AGROECOLOGIA

MSU – MOVIMENTO DOS SEM UNIVERSIDADE

FÓRUM ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DO ADOLESCENTE/SP

FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

FÓRUM DE MULHERES DO ESPÍRITO SANTO

FÓRUM MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL

FÓRUM BRASILEIRO DE SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

FÓRUM CARAJÁS

FAMOPES - FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE MORADORES E MOVIMENTOS POPULARES DO ESPÍRITO SANTO

MNLM/RJ – MOVIMENTO NACIONAL DE LUTA PELA MORADIA/RJ

JUSTIÇA GLOBAL

OBSERVATÓRIO NEGRO

PLATAFORMA DHESCA

REDE FAOR – FÓRUM AMAZÔNIA ORIENTAL

REDE DE AGROECOLOGIA DO MARANHÃO

REDE BRASILEIRA DE JUSTIÇA AMBIENTAL

REDE DESERTO VERDE

REDE BRASIL SOBRE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MULTILATERAIS

AMEDI – AMBIENTE E EDUCAÇÃO INTERATIVA

REDE NACIONAL DE ADVOGADAS E ADVOGADOS POPULARES NO CEARÁ

REDE SOCIAL DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS

INSTITUTO GIRAMUNDO MUTUANDO

INSTITUTO POLÍTICAS ALTERNATIVAS PARA O CONE SUL

SAPI – SOCIEDADE DOS AMIGOS DO PARQUE DE ITAÚNAS (ES)

TRIBUNAL POPULAR: O ESTADO BRASILEIRO NO BANCO DOS RÉUS

EKIP NATURAMA

ETNIOKA

TOXISPHERA ASSOCIAÇÃO DE SAÚDE AMBIENTAL

PERSONALIDADES E INTELECTUAIS

LEONARDO BOFF – TEÓLOGO E ESCRITOR

DOM PEDRO CASALDÁLIGA – BISPO EMÉRITO DE SÃO FÉLIZ DO ARAGUAIA

BERNARDO MANÇANO FERNANDES – CÁTEDRA UNESCO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

JOSÉ ARBEX JUNIOR – JORNALISTA E COORDENADOR DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA ESCOLA FLORESTAN FERNANDES

CARLOS WALTER PORTO-GONÇALVES – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

HORÁCIO MARTINS DE CARVALHO – PROFESSOR E MILITANTE SOCIAL

LADISLAU DOWBOR – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

LUIZ CARLOS PINHEIRO MACHADO – EX-PRESIDENTE DA EMBRAPA E PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

MIGUEL CARTER – PROFESSOR DA AMERICAN UNIVERSITY, WASHIGTON/EUA

SÉRGIO SAUER - RELATOR DO DIREITO HUMANO À TERRA, TERRITÓRIO E ÁGUA DA PLATAFORMA DHESCA

MARIJANE LISBOA – RELATORA DO DIREITO HUMANO AO MEIO AMBIENTE DA PLATAFORMA DHESCA

RUBENS NODARI – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PAULO KAGEYAMA – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE ESALQ/USP

VIRGÍNIA FONTES – PROFESSORA DA FIOCRUZ E DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

IRAN BARBOSA – DEPUTADO ESTADUAL PT/SE

JOÃO ALFREDO TELLES MELO – VEREADOR DE FORTALEZA/PSOL E EX-DEPUTADO FEDERAL