quarta-feira, 30 de março de 2011

CineGramsci especial

apresenta



Um filme do diretor Costa-Gravas




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Dia 31 de março de 2011 - quinta-feira às 19 horas




na Rua José Bonifácio, 59 – UGT – Ribeirão Preto




Sinopse do filme

Em uma ousada operação tática, o grupo guerrilheiro Tupamaro seqüestra o cônsul brasileiro no Uruguai e o cidadão norte-americano Philip Michael Santore (Yves Montand), funcionário de uma agência americana. Com o sucesso da operação, os Tupamaros partem para a segunda faze do plano: negociações exigindo a troca dos seqüestrados por militantes presos. O incidente causa grande repercussão internacional e diplomática, deixando o governo em xeque e o presidente uruguaio próximo da renúncia. Enquanto isso, o líder do grupo foca as atenções no interrogatório do americano Santore, a quem atribui a responsabilidade direta na seleção e treinamento de vários policiais militares em tortura, antenados e na articulação do Esquadrão da Morte. Um filme surpreendente e esclarecedor do mestre do cinema político Costa-Gavras que desvenda de forma brilhante vários fatos da nossa história recente.



Sobre o Diretor de Estado de Sítio

CINE-POLÍTICA COM COSTA-GRAVAS
Por Alexandre Figueirôa

Em 2005, o cineasta grego Constantin Costa-Gavras declarou ao semanário francês L’Express “existir nele um fundo de utopia” e que “era preciso recolocar o homem no centro do mundo e lhe dar capacidade de se expressar e convencê-lo de que o individualismo não leva a nada”. Aos 76 anos, Costa-Gavras continua sendo, portanto, alguém convencido de que fazer cinema é fazer política (...)

Costa-Gavras nasceu em uma família pequeno-burguesa que perdeu tudo, durante a ocupação alemã, e se tornou pobre depois da Segunda Guerra Mundial. Com muito sacrifício terminou os estudos secundários na Grécia, juntou algum dinheiro e foi para a França para entrar na universidade, pois poderia estudar de graça. Inscreveu-se na Faculdade de Letras da Sorbonne para, em seguida, fazer um curso que na época se chamava Filmologia. Nessa fase de sua vida descobriu, em Paris, a Cinemateca Francesa e começou a ver filmes, principalmente aqueles que estavam interditados de serem mostrados na Grécia, pela censura imposta pela ditadura que comandava o país. Pouco depois, conseguiu ser admitido no Institut des Hautes Études Cinématographiques (IDHEC) de onde saiu para ser assistente do diretor Claude Pinoteau.

Com um repertório imensurável de filmes vistos nos anos de aprendizagem, Costa-Gavras se convenceu que todo filme, ao ser devidamente examinado, revelará o seu conteúdo político. Mesmo obras espetaculares, com roteiros bem escritos, atores famosos e perfeitamente dirigidas, segundo o cineasta, apresenta, por trás dessa estrutura clássica, uma mensagem ideológica sendo trabalhada. E foi com este espírito que ele partiu para sua primeira realização Compartiment Tueurs (1965), um filme de gangsteres, adaptação de um livro homônimo, mas ambientado de uma maneira totalmente diferente dos filmes policiais convencionais. Já o segundo trabalho, Um Homme de Trop (1967), era um filme sobre a resistência francesa, mas não a mostrava com o lirismo heróico habitual e sim desvendava as condições cotidianas de seus integrantes. O filme, no entanto, não foi concebido de forma correta e se transformou num fracasso.

Embora tenha ficado triste com o insucesso, Gavras não desistiu de perseguir o seu projeto estético que não desprezava movimentos de vanguarda como a nouvelle vague, mas insistia em abordagens complexas de temas políticos. Foi então que ele realizou Z (1969). A obra trata de um golpe de Estado, do assassinato de um deputado liberal na Grécia e de todo um processo promovido naquele país que desembocou em uma intervenção militar que se transformou em ditadura. Z, por respeitar uma determinada realidade política, segue uma construção capaz de observar a fidelidade absoluta dos acontecimentos, todavia respeita a função do cinema enquanto espetáculo. O diretor desde então busca conciliar a função de divertimento de um filme, contudo falando dos problemas da sociedade, dando uma imagem daquilo que se passa no mundo e que permita ao espectador ao sair da projeção pensar e transcender aquilo que viu.

Os filmes seguintes do diretor seguem esta premissa e alguns deles vão tratar de temas diretamente relacionados com situações políticas em países latino-americanos. Aqui no Brasil, entre os mais conhecidos filmes do diretor e que sempre são lembrados pelos adeptos de filmes politizados, estão Estado de Sítio (1973), sobre a intervenção dos militares no Uruguai contra as organizações terroristas e Missing, o Desaparecido, cujo tema central é o golpe de Estado que derrubou o governo de Salvadro Allende, no Chile. Recentemente, o diretor voltou a provocar polêmica com Amém, em que ele aborda a espinhosa questão da dúbia posição da Igreja Católica frente à perseguição dos judeus pelos nazistas.

Para os cinéfilos mais interessados em invenções da linguagem e elaborações estéticas sofisticadas, Costa-Gavras certamente não é um ídolo. Sua obra é simples, direta, e ele prefere não seguir cartilhas ou manifestos preestabelecidos, mesmo quando trata de questões de ordem política. Contudo é um ícone da cinematografia mundial a quem devemos respeito e merece ser ouvido. Suas experiências podem ser úteis nesses dias de globalização e de mudanças das forças geopolíticas mundiais, processos os quais a arte cinematográfica certamente não está imune de sofrer influências.


Histórico do evento


Esse evento, do dia 31 de março, vem se compondo como uma tradição que se constrói a partir da retomada da antiga sede da UGT, em 2004, pelas forças democráticas, o Seminário Gramsci, a Associação Cultural e Ecológica Pau-brasil e a Associação Amigos do Memorial da Classe Operária.


Portanto, esse ato anual marca:


nossa permanente indignação com os regimes de força, como aquele instaurado em nosso país em 1º de abril de 1964;
nossa preocupação com a preservação da memória como forma de construção de um futuro baseado no respeito à dignidade da pessoa humana e na justiça social;
nossa convicção na possibilidade do aprofundamento da democracia e da construção do socialismo por meio da ação articulada das forças de esquerda.

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A entrada é franca.


Divulgue o evento e venha participar conosco.

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