terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Deputados da região de Ribeirão Preto empregam 122 na Assembleia

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO


Os sete deputados estaduais que representam a região de Ribeirão Preto empregam, juntos, 122 funcionários em seus gabinetes na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O presidente estadual do PT, Edinho Silva, de Araraquara, é o que mais nomeou funcionários: são 24 no total.
A Folha compilou os dados dos servidores de cada gabinete a partir de uma lista, com os nomes de 3.488 servidores, publicada no "Diário Oficial do Estado" no sábado por determinação judicial, resultante de processo que tramita desde 2000.
A listagem, no entanto, não divulga os salários nem os cargos ocupados.
O democrata Gilson de Souza, de Franca, conta com 22 funcionários lotados em seu gabinete. Os tucanos Roberto Engler, de Franca, e Roberto Massafera, de São Carlos, contam com 19 e 18 funcionários, respectivamente.
RIBEIRÃO
Os três deputados de Ribeirão empregam, juntos, 39 funcionários. As contratações contam com ex-prefeito, ex-vereador, apresentador de programa de rádio e até colunista social.
Baleia Rossi, presidente do PMDB estadual e filho do ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), possui 12 funcionários no gabinete e desde janeiro tem em seu quadro de colaboradores o colunista social Manoel Simões.
Outro assessor do peemedebista é Ademir de Paula e Silva Segundo, ex-presidente da Apae de Guará.
Em 2009, Baleia beneficiou a instituição -à época presidida por Segundo- com uma emenda de R$ 50 mil.
A destinação da verba ocorreu quatro meses após Segundo ser nomeado assessor do peemedebista.
O jornalista e apresentador do programa "Rota da Verdade", Lincoln Fernandes, é assessor parlamentar de Rafael Silva (PDT), que, por sua vez, é comentarista do mesmo programa, que vai ao ar pela rádio Clube AM, de Ribeirão.
O tucano Welson Gasparini emprega Luiz Otávio Garniel Giovanetti, ex-prefeito de Pradópolis, que em novembro teve pena reduzida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de quatro para dois anos de reclusão por crime de responsabilidade. A acusação foi de desvio de verba pública.
Procurado pela reportagem da Folha, Giovanetti afirmou que nunca cometeu o crime.
Também trabalha para o tucano o ex-vereador Osório Carlos do Nascimento, que teve sua primeira atuação na Câmara de Ribeirão em 1969.
Para Jorge Sanchez, presidente executivo da Amarribo Brasil, que representa a Transparência Internacional no país, o critério para nomeação de assessores deve ser técnico. "No geral, vemos hoje a existência de cabides de emprego, apadrinhamentos", afirmou.
OUTRO LADO
Questionado sobre o número de funcionários em seu gabinete, o deputado Edinho Silva (PT) afirmou que teve que "marcar presença" em cidades onde recebeu votação expressiva. "Com a mesma massa salarial, tive que criar cargos por conta do perfil do meu mandato."
Segundo ele, foram instaladas bases em cidades da região, como Franca, Ituverava, Serrana, Monte Alto e Ibitinga, e até no Vale do Paraíba, Campinas e São Paulo.
Rafael Silva (PDT) confirmou que o apresentador Lincoln Fernandes, do programa matinal de rádio, é seu funcionário comissionado. "Ele trabalha para mim e viaja na região. É assessor de sábado, domingo e feriado, não fica carimbando papel", disse o deputado.
Silva afirma que o fato de Fernandes ser jornalista é um facilitador para que sejam levadas mensagens do gabinete à população.
Já o peemedebista Baleia Rossi, também de Ribeirão, usou do mesmo argumento quando questionado sobre a contratação do colunista social Manoel Simões.
"Ele é meu assessor em Ribeirão e região, conhece muita gente. Está em todas as cidades que visito, dizem até que ele é minha sombra", afirmou Rossi.
Sobre o repasse à Apae de Guará, ele disse que a emenda foi apresentada em 2007, dois anos antes de Ademir de Paula e Silva Segundo, então presidente da entidade, ter sido nomeado para trabalhar em seu gabinete.
"Tenho um trabalho forte em Guará, onde fui o deputado mais votado", afirmou.
Já Welson Gasparini (PSDB) afirmou que não vê impedimentos legais em manter o ex-prefeito de Pradópolis, Luiz Otávio Carniel Giovanetti, como funcionário. "Houve um julgamento recente e, até o momento, não vejo nada irregular."

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